A nossa filiação em Cristo
1Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo. 2Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo pai. 3Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo; 4vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, 5para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. 6E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! 7De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus.
O valor transitório dos ritos judaicos
8Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza, não o são; 9mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? 10Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. 11Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco.
A perplexidade de Paulo
12Sede qual eu sou; pois também eu sou como vós. Irmãos, assim vos suplico. Em nada me ofendestes. 13E vós sabeis que vos preguei o evangelho a primeira vez por causa de uma enfermidade física. 14E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto; antes, me recebestes como anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus. 15Que é feito, pois, da vossa exultação? Pois vos dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar. 16Tornei-me, porventura, vosso inimigo, por vos dizer a verdade? 17Os que vos obsequiam não o fazem sinceramente, mas querem afastar-vos de mim, para que o vosso zelo seja em favor deles. 18É bom ser sempre zeloso pelo bem e não apenas quando estou presente convosco, 19meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós; 20pudera eu estar presente, agora, convosco e falar-vos em outro tom de voz; porque me vejo perplexo a vosso respeito.
Sara e Agar, alegoria das duas alianças
21Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei? 22Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. 23Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa. 24Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar. 25Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos. 26Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe; 27porque está escrito:
Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e clama, tu que não estás de parto; porque são mais numerosos os filhos da abandonada que os da que tem marido.
28Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque. 29Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora. 30Contudo, que diz a Escritura?
Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.
31E, assim, irmãos, somos filhos não da escrava, e sim da livre.