O que Deus espera dos cristãos na assistência social
Entender o que Deus espera de nós é mais que um desafio, é o cumprimento de uma missão, de um chamado. Sabe-se, desde a criação do mundo, que o ser humano não foi feito para viver sozinho, portanto, vivemos em sociedade. Mesmo que não concordemos com muitas situações, presenciamos justiças e injustiças quase que diariamente. Fomos escolhidos por Deus para viver nesta terra e há um propósito nisso. É claro que estamos de passagem por este mundo, mas nenhum de nós sabemos por quanto tempo, então, é preciso viver de forma ativa, procurando ser o sal da terra e a luz do mundo, a fim de cumprir o que Deus tem para cada um de nós (Mateus 5. 13 – 16). Se não for assim, corremos o risco de ficarmos à margem do que acontece e sermos omissos ao nos depararmos com as injustiças. Outra opção é fechar os olhos para o que acontece ao nosso redor. Mas será que essa atitude vai ao encontro do que Deus quer de nós? Será que Deus quer algo além de que agarremos nossa salvação e fiquemos em nossa zona de conforto?
Deus em sua infinita misericórdia deixou sua Palavra que é viva, e não importa o acontecimento, época ou até mesmo as inovações tecnológicas e sociais, a Palavra se renova a cada dia e traz respostas às mais variadas questões da vida. E é na Bíblia que encontramos direção sobre o que agrada a Deus e o que devemos fazer. Há muitas passagens bíblicas que nos mostram como devemos agir e ter sabedoria para desfrutar a liberdade conquistada na cruz. A leitura bíblica deve ser nossa prática diária se quisermos cumprir sua vontade. Em Tiago, no capítulo 1, encontramos resposta para uma de nossas questões, a passagem bíblica nos diz que devemos colocar em prática a mensagem de Deus, e que se examinarmos a Palavra e a praticarmos, não vamos esquecer-nos dela. Tiago, ao final desse capítulo, nos mostra que a verdadeira religião é “… ajudar os órfãos e viúvas nas suas aflições e não se manchar com as coisas más deste mundo.” (Tiago 1.27b). Essa mensagem, por si só, indica algo importante que Deus quer de nós.
Falemos então da Assistência Social, que é um termo muito utilizado, porém, pouco conhecido ou explorado em seu real significado. Por vezes é confundida com outros termos como serviço social, ação social ou até mesmo assistencialismo, palavras que têm significados diferentes. A Assistência Social é uma política pública, e dessa forma se torna um direito do cidadão. Além disso, é uma política não contributiva, para ter direito a ela basta haver a necessidade, independente se pagou ou paga impostos, ou até mesmo se há dívidas com a União. Ela é gratuita, considerada como dever do Estado e, por muitas vezes, desenvolvida com o apoio ou até mesmo o protagonismo da sociedade civil.
Essa política é baseada em algumas linhas importantes, que promovem inclusão, garantia de direitos, proteção social e outros itens necessários para que se tenha uma melhor qualidade de vida. Traz em sua concepção três vertentes fundamentais para ter-se a proteção social: as pessoas, as circunstâncias em que elas vivem e a família. Tem como premissa a matricialidade sociofamiliar, considerando a família como o núcleo social primário e que se deve fortalecer seus vínculos. Mas será que temos algo a ver com isso? Os princípios dessa política têm alguma relação com a Bíblia e com os cristãos? Será que esse modelo agrada a Deus?
Quando Tiago fala da verdadeira religião, ele não está se referindo as filosofias desse mundo, ao conceito de liberdade difundido por movimentos ou militâncias, a sabedoria humana ou argumentos sem valor (Colossenses 2.8). É preciso estar sempre alerta porque a justiça social nem sempre está em consonância com a justiça bíblica. Tiago refere-se à verdade que liberta. Se conseguirmos entender essa premissa teremos mais um indicador sobre o que Deus quer de nós.
A fim de sermos propositivos, falaremos das convergências e sobre como podemos participar dessa política, de forma a defender aquilo que é correto, justo e puro e cumprirmos o que dizem as Escrituras. A política fala sobre inclusão, sobre atender quem precisa, não questionando se é culpa da pessoa ou não estar em uma situação de vulnerabilidade. Em Tiago 2, vemos uma defesa em tratar as pessoas de forma igual, sem julgamento, mas acolher o indivíduo da forma que ele chega até nós. Fala sobre amar – “… ame os outros como você ama a você mesmo” (Tiago 2.8) – e sobre ter misericórdia. Perceba que nesse momento não está em questão o pecado da pessoa, nem mesmo há conivência com suas práticas, mas o acolhimento, o respeito, o amor e a misericórdia. O famoso “venha como está”.
Tiago mostra a importância de ter fé e obras, e que não é possível ter fé sem que ela esteja acompanhada de ações. Não adianta sentir muito, não adianta ficar com dó, é preciso estender a mão, suprir o que está faltando para que a pessoa tenha uma oportunidade. Essa política também traz o suprimento das necessidades de sobrevivência que não podem esperar. Pesquisa recente mostra que ao menos 19 milhões de pessoas passam fome no Brasil1. Esse número é alarmante. Como cristãos, estamos vendo essa realidade? É preciso refletir se estamos chegando até às pessoas que necessitam e se estamos dispostos a servir.
De fato, não podemos nos cansar de fazer o bem, e esse ato não depende de lei, mas, de nós, é bíblico. Devemos parar de falar da sociedade má na qual vivemos, das pessoas que são egoístas, ou que o governo é falho e que o Brasil não vai para frente. Sejamos nós, os agentes de mudança. Não existe lei que proíbe amar, não existe lei que proíbe ajudar e se importar… Para que isso aconteça, Deus precisa de mim e de você, a fim de que não pequemos quando sabemos fazer o bem e não fazemos (Tiago 4.17).