Abrindo as portas e derrubando as barreiras
Seminário A Igreja e a pessoa com deficiência – Perspectivas bíblicas e práticas, promovido pela SBB nos dias 21 e 22 de julho, debateu a inclusão sob a perspectiva da Bíblia
Hoje, no Brasil, quase 46 milhões de pessoas têm dificuldades para enxergar, ouvir, caminhar, subir degraus ou possuem deficiência mental e intelectual. Elas representam cerca de 24% da população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante desse quadro e como cada vez mais brasileiros frequentam reuniões religiosas, é inevitável a pergunta: as igrejas estão preparadas para receber essas pessoas e suas famílias? Não só estruturalmente, também do ponto de vista do acolhimento e da inclusão? Pensando nisso, a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) promoveu nos dias 21 e 22 de junho o Seminário A Igreja e pessoa com deficiência – Perspectivas bíblicas e práticas, evento presencial e transmitido on-line pelos canais da Sociedade Bíblica e da Mackenzie.
Toda a programação foi realizada no Auditório Rui Barbosa, no campus da Universidade Presbiteriana Mackenzie, apoiadora do evento, no Centro de São Paulo (SP). Durante dois dias, pastores, líderes de igrejas, pessoas com deficiências e seus familiares e interessados no tema conheceram o que a Bíblia diz sobre o acolhimento da pessoa com deficiência, na teoria e na prática. Inclusive, formas das igrejas adaptarem suas estruturas e promoverem a inclusão desse público.
O curso foi ministrado pelo Dr. Ely Prieto, professor adjunto de Teologia Prática, Deão para o Ministério Urbano e Transcultural no Concordia Seminary, em Saint Louis, Missouri, nos Estados Unidos e especialista em inclusão. “Não é possível levar a Palavra de Deus à nação sem se comprometer em buscar e cuidar da pessoa deficiente e de sua família. Precisamos descobrir essa realidade, ter compromisso com esse ministério e empatia com as pessoas. Tudo para integrar, que é criar atividades e programações próprias para as pessoas com deficiência nas igrejas, e dar um passo a mais, no sentido de incluir, quer dizer, elas participarem ativamente com quaisquer outras pessoas em todos os trabalhos eclesiásticos”, ensinou Prieto, que exerceu por anos o ministério entre os surdos na Igreja Luterana do Brasil (IELB), ajudando a preparar e treinar missionários e desenvolver a Missão entre os Surdos. Mais recentemente, trabalhou com diversos ministérios e igrejas nos Estados Unidos.
O primeiro passo e uma longa jornada
O seminário contou com a exibição de vídeos institucionais, apresentações musicais de grupos e pessoas com deficiência e com três painéis. A inclusão de pessoas com deficiência visual teve como convidadas a professora Eni Kindermann, cofundadora da Associação Evangélica de Deficientes Visuais, a pastora metodista Kary Janaína, cofundadora da ong Nós Somos Capazes e presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de Porto Ferreira (SP), o professor Carlos Ferrari, mestre em Administração e especialista em Marketing e Comunicação Persuasiva, e da assistente social Adriana Atalaia, coordenadora de Projetos Sociais da SBB.
A inclusão de pessoas surdas contou com a participação das intérpretes de libras (língua brasileira de sinais) Paloma Bueno e Maurianna do Nascimento, que também é tradutora da Bíblia para libras, e da consultora de tradução da SBB Quéfren Moura. Por sua vez, o painel Inclusão das pessoas autistas teve como debatedores Ana Paula Albuquerque, coordenadora do Grupo Presbiteriano de Apoio a Mães de Atípicos (GPAMDA), Márcia Regis, gerente dos Sistemas de Ensino Mackenzie, e do pastor José Roberto Nascimento, editor da SBB.
“É muito importante que conheçamos e despertemos para essa situação. Esse seminário é um primeiro passo para mudar a realidade, pois as igrejas são instrumentos de transformação também na vida dessas pessoas”, afirma a assistente social Emilene Araujo, Gerente de Projetos Sociais/Ação Social e Arrecadação de Fundos da SBB. Ela apresentou os projetos bíblicos de impacto social desenvolvidos pela organização e que atendem cegos, surdos e mudos e portadores das mais diversas deficiências em todo o país.
Um primeiro passo vitorioso, mas o começo de uma longa jornada. “Nesse seminário, descobrimos que, apesar da importância que têm as adequações nas estruturas dos templos, fundamental é uma mudança de mentalidade e investimento do tempo das pessoas no relacionamento das pessoas com deficiência e seus familiares. A SBB, que acaba de completar 75 anos, acredita na importância de semear a Palavra a todas as pessoas, pois somente ela transforma vidas. A jornada é longa, mas não vamos parar aqui. Contamos com todos nessa missão”, concluiu o Rev. Erní Walter Seibert, diretor-executivo da SBB.