A presença reconfortante da Bíblia em tempos difíceis

Erní Walter Seibert

Após dois anos convivendo com uma pandemia, a humanidade procura maneiras de (con)viver com essa situação de uma maneira mais tranquila. Até por desconhecimento do vírus, os primeiros momentos foram mais conturbados. Apareceram certos medos que antes não estavam tão visíveis na sociedade. Os mais comuns talvez tenham sido medo de ficar doente e medo de morrer. Mas as soluções apontadas para o problema a ser enfrentado, além de não terem unanimidade, também trouxeram efeitos colaterais. O distanciamento social fez com que as pessoas tivessem receio de se encontrar. Elas não sabiam se seriam bem-vindas em alguma tentativa de reestabelecer conexões. Os lockdowns, impostos pelas autoridades para evitar a propagação da pandemia, trouxeram consigo, além da diminuição da atividade econômica, o desemprego e outras dificuldades. As igrejas tiveram de repensar sua atuação e igualmente sofreram um forte impacto em suas atividades. Enquanto algumas até aumentaram suas ações, incorporando uma série de programações online, outras sofreram tanto com as restrições em suas programações presenciais que até fecharam as portas. De qualquer maneira, a experiência da Covid trouxe ensinamentos.

Quando surge um novo modelo de automóvel, as agências costumam convidar as pessoas para experimentarem o carro fazendo um “test drive”. Então, a pessoa experimenta o carro para ver se gosta. De certa maneira, durante a pandemia, muitas pessoas buscaram a Bíblia para ver se podiam tirar algum proveito da sua leitura. Elas fizeram um “test drive” com a Bíblia. Literalmente, bilhões de capítulos das Bíblias disponibilizadas pela Sociedade Bíblica do Brasil foram lidos em Bíblias impressas e em aplicativos baixados em celulares. As pessoas procuraram uma explicação, uma orientação, um consolo, em meio às dificuldades advindas com a pandemia.

Se você, estimado leitor e estimada leitora, procurou a Bíblia durante a pandemia, ou aumentou a quantidade de suas leituras bíblicas durante a pandemia, como isso lhe ajudou? Normalmente, quando fazemos um test drive de um carro, há uma pessoa que nos acompanha e explica as características do carro e as vantagens que ele apresenta. Quando você lê a Bíblia, é bom ter alguém que lhe ajude mostrando o sentido das palavras que o texto bíblico apresenta. Em Atos 8.26-40, está registrada a história de um alto funcionário da rainha da Etiópia, que estava lendo o livro bíblico do profeta Isaías. Esse homem havia sido atraído para a fé cristã, mas ainda não entendia tudo o que se referia a Deus. Ele estava fazendo, de certa maneira, um test drive com a Bíblia e precisava ser ajudado em seu entendimento. Deus envia Filipe para falar com ele e lhe explicar o que a Bíblia ensina.

Os cristãos têm uma grande missão nesses tempos de pandemia e pós-pandemia que estamos vivendo. É hora de falar com todos os que se lembraram da Bíblia e a leram, ajudando essas pessoas a entenderem o que leram. O distanciamento social não significa isolamento social. Talvez as velhas maneiras de convívio social voltem. Talvez novas maneiras de convívio social surjam. Mas quando nos reunimos em torno da Palavra de Deus, não temos um tempo de isolamento social, mas um tempo de comunhão uns com os outros e todos com Deus. A Palavra de Deus promove essa comunhão e Deus nos fala por meio dela.

A Palavra de Deus é, como ela própria diz, “viva e poderosa e corta mais do que qualquer espada afiada dos dois lados. Ela vai até o lugar mais fundo da alma e do espírito, vai até o íntimo das pessoas e julga os desejos e pensamentos do coração delas” (Hebreus 4.12). A Bíblia Sagrada foi instrumento que, durante a pandemia, ajudou as pessoas a vencerem o medo e a recomeçar. Ela precisa estar presente na vida de cada um. Mas a leitura da Bíblia também tem uma perspectiva comunitária. Ela aproxima as pessoas e promove comunhão até em tempos de distanciamento social e de cuidados especiais. Continuemos usando a Bíblia. Ela nos conecta com Deus e com as outras pessoas.